Berliner Volks-Zeitung - PF diz que Bolsonaro planejou pedir asilo político na Argentina em 2024

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PF diz que Bolsonaro planejou pedir asilo político na Argentina em 2024
PF diz que Bolsonaro planejou pedir asilo político na Argentina em 2024 / foto: EVARISTO SA - AFP/Arquivos

PF diz que Bolsonaro planejou pedir asilo político na Argentina em 2024

A Polícia Federal (PF) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro planejou pedir asilo na Argentina em 2024, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira (20) no qual recomendou indiciá-lo por uma suposta tentativa de obstruir um processo judicial contra ele.

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Além do ex-presidente, a polícia também recomendou acusar por "coação" contra a Justiça um de seus filhos, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que há meses vem conduzindo uma campanha nos Estados Unidos para que o governo de Donald Trump interceda a favor de seu pai.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá entre 2 e 12 de setembro sobre a inocência ou culpabilidade de Bolsonaro (PL) em um julgamento por uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No celular de Bolsonaro foi encontrado um documento de 33 páginas consistente com um rascunho de "pedido de asilo político" ao presidente argentino Javier Milei, datado de poucos dias depois de a PF ter iniciado sua investigação por golpismo em fevereiro de 2024.

Nesse documento, Bolsonaro alegava "uma perseguição política no Brasil", segundo o relatório policial.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidirá agora se aceita ou não a denúncia da PF.

- "Risco de fuga" -

O Supremo considerou que o documento encontrado mostra "um risco comprovado de fuga do acusado", segundo uma resolução assinada nesta quarta-feira pelo ministro Alexandre de Moraes, na qual instou a defesa de Bolsonaro a apresentar explicações em 48 horas.

Jair e Eduardo Bolsonaro praticaram "condutas com o objetivo de interferir no curso da Ação Penal" por golpismo, afirmou a PF, e recomendou imputar-lhes os crimes de "coação no curso do processo" judicial e de "abolição violenta do Estado democrático de direito".

Eduardo Bolsonaro reagiu afirmando que sua atuação nos Estados Unidos "jamais teve como objetivo interferir em qualquer processo em curso no Brasil".

"Sempre deixei claro que meu pleito é pelo restabelecimento das liberdades individuais no país, por meio da via legislativa, com foco no projeto de anistia que tramita no Congresso Nacional", acrescentou o deputado licenciado no X.

Trump puniu o Brasil com tarifas punitivas sob o argumento de que existe uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro. Também impôs sanções a Moraes e a outros ministros do Supremo.

- Pastor e assessor -

Jair Bolsonaro, 70 anos, encontra-se desde o início de agosto em prisão domiciliar preventiva, depois de Moraes considerar que ele violou medidas cautelares que lhe proibiam de se manifestar nas redes sociais.

Caso seja considerado culpado no julgamento por golpismo no STF, Bolsonaro poderá enfrentar até 40 anos de prisão. Ele se declara inocente e afirma ser um "perseguido".

A recomendação também abrange o pastor evangélico Silas Malafaia e Paulo Figueiredo, neto do último presidente da ditadura militar João Figueiredo (1979-1985), ambos próximos a Bolsonaro.

Malafaia teria ajudado Bolsonaro na "definição de estratégias de coação e difusão de narrativas falsas (...) que, em última instância, têm como objetivo coagir os membros da cúpula do Poder Judiciário".

O STF ordenou uma busca na casa de Malafaia e lhe proibiu de sair do Brasil. O pastor também terá que depor "imediatamente" perante a polícia.

Figueiredo, que reside nos Estados Unidos, teria assessorado Eduardo Bolsonaro em suas ações diante da Casa Branca, segundo a polícia.

N.Schuster--BVZ