

Japão recebe líderes africanos para estabelecer posição como alternativa à China
O Japão recebeu nesta quarta-feira (20) líderes africanos em uma conferência sobre desenvolvimento, com a qual espera estabelecer uma posição como alternativa à China no momento em que o continente enfrenta uma crise da dívida, agravada por cortes da ajuda ocidental, conflitos e mudanças climáticas.
Entre os participantes da Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento da África (Ticad) estavam os presidentes da Nigéria, Bola Tinubu, da África do Sul, Cyril Ramaphosa, do Quênia, William Ruto, além do secretário-geral da ONU, António Guterres.
"A crise de dívida e liquidez no continente africano está agravando o difícil ambiente socioeconômico e limitando a margem fiscal dos governos para implementar uma rede de proteção para seus cidadãos", afirmou o escritório de Ramaphosa em um comunicado.
A China fez grandes investimentos na África na última década. As empresas do país assinaram acordos de bilhões de dólares para financiar portos, ferrovias e estradas no âmbito da iniciativa global de infraestrutura "Nova Rota da Seda".
Os novos empréstimos, no entanto, são cada vez mais limitados e os países em desenvolvimento agora enfrentam uma "onda gigantesca" de dívidas, tanto com Pequim quanto com credores internacionais, alertou em maio o Lowy Institute, que tem sede na Austrália.
Os países africanos também registraram cortes na ajuda ocidental, em particular com o desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) por parte do presidente Donald Trump.
A Ticad deve abordar potenciais acordos de livre comércio com o Japão, garantias de crédito e incentivos ao investimento para empresas japonesas, segundo a imprensa nipônica.
A África oferece oportunidades graças à sua população jovem e seus recursos naturais, disse na terça-feira o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.
O chefe de Governo do Japão deve propor na conferência, a nona desde 1993, uma "zona econômica" que inclua a região do Oceano Índico e a África, informou a agência de notícias Kyodo News
O Japão também se comprometerá a formar 30.000 especialistas em Inteligência Artificial em três anos.
N.Schuster--BVZ