Berliner Volks-Zeitung - Trump espera cúpula 'construtiva' com Putin sob lupa de Ucrânia e Europa

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Trump espera cúpula 'construtiva' com Putin sob lupa de Ucrânia e Europa

Trump espera cúpula 'construtiva' com Putin sob lupa de Ucrânia e Europa

Donald Trump declarou nesta segunda-feira (11) querer sondar o terreno na cúpula de sexta-feira com seu homólogo russo, Vladimir Putin, que gera ansiedade na Ucrânia e entre líderes europeus pelo medo de um resultado desfavorável para Kiev.

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O presidente americano foi ambíguo sobre suas expectativas. Disse que espera uma reunião "construtiva" no Alasca e considera "muito respeitoso" da parte de Putin viajar para seu país.

Mas fez um comentário que provavelmente preocupará o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e seus aliados europeus.

"Me incomodou um pouco Zelensky dizer: 'Bem, tenho que obter a aprovação constitucional'. Ou seja, ele conseguiu a aprovação para entrar em guerra e matar todo mundo, mas precisa de uma autorização para trocar território", declarou.

"Porque haverá troca de território", previu Trump, considerando que o Exército russo ocupa atualmente aproximadamente 20% do país.

Os europeus, aos quais Trump promete contatar assim que terminar sua reunião com Putin, tentam influenciar o presidente americano, conhecido por seu temperamento volúvel, até sexta-feira.

O republicano foi convidado a participar de uma videoconferência na quarta-feira com vários países da União Europeia, Ucrânia e Otan.

Segundo a Alemanha, a reunião se concentrará em possíveis "ações adicionais" para "exercer pressão sobre a Rússia", mas também na "preparação para possíveis negociações de paz" e em temas "relacionados com as reivindicações territoriais e as garantias de segurança".

Os ministros das Relações Exteriores de países membros da UE se reuniram por videoconferência nesta segunda-feira.

- Deslize -

Segundo Donald Trump, a reunião de sexta-feira, sua primeira pessoalmente com Putin desde 2019, deveria facilitar uma cúpula entre os chefes de Estado da Ucrânia e da Rússia.

"A próxima reunião será com Zelensky e Putin, ou Zelensky e Putin comigo. Estarei lá se precisarem de mim, mas quero organizar um encontro entre os dois líderes", disse o republicano de 79 anos.

Também afirmou, não pela primeira vez, que poderia se desvincular completamente da guerra desencadeada pela invasão russa na Ucrânia em fevereiro de 2022.

"Talvez eu diga a eles: 'Boa sorte, continuem brigando'. Ou talvez diga: 'Podemos chegar a um acordo'", comentou Trump, que rompeu com a estratégia de seu antecessor, Joe Biden, de apoiar incondicionalmente a Ucrânia.

Em um curioso lapso, afirmou duas vezes que a reunião com Putin ocorreria "na Rússia", em vez de no Alasca, um território cedido pelos russos aos americanos no século XIX.

Zelensky instou-o mais uma vez a não ceder às exigências do líder do Kremlin.

"A Rússia se recusa a parar com as matanças e, por isso, não deveria receber nenhuma recompensa nem benefício. E esta não é apenas uma postura moral, mas racional", escreveu o presidente ucraniano no Facebook.

- Avanço russo -

Vladimir Putin também mantém uma intensa atividade diplomática.

Em três dias, conversou com nove chefes de Estado ou de governo, entre eles o chinês, Xi Jinping, o indiano, Narendra Modi, e Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante sua campanha eleitoral, o presidente americano prometeu resolver a guerra em 24 horas. Desde seu retorno à Casa Branca, aproximou-se de Putin, mas também o criticou por intensificar os bombardeios na Ucrânia nos últimos meses.

Desde o anúncio da cúpula de sexta-feira, houve pelo menos seis mortes por ataques russos naquela que é a pior guerra na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

O Ministério da Defesa russo afirmou ter tomado na segunda-feira uma nova aldeia no oblast (região administrativa) de Donetsk, no leste da Ucrânia: Fedorivka.

Moscou exige que a Ucrânia ceda quatro oblasts parcialmente ocupados (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e à adesão à Otan.

Kiev considera isso inaceitável.

T.Lindner--BVZ