

De refugiado a Nobel: Omar Yaghi celebra o poder da ciência para promover a igualdade
Nascido no seio de uma família de refugiados palestinos com pouca formação acadêmica, o vencedor do Prêmio Nobel de Química de 2025, Omar M. Yaghi, celebrou nesta quarta-feira (8) o poder da ciência para reduzir desigualdades.
O químico jordaniano-americano, nascido na capital da Jordânia, Amã, em 1965, foi laureado nesta quarta-feira ao lado do japonês Susumu Kitagawa e do britânico Richard Robson, pelo desenvolvimento das estruturas metal-orgânicas, que têm muitas aplicações práticas, como por exemplo para recuperar água do ar, capturar dióxido de carbono ou armazenar gases tóxicos.
Ao falar sobre sua vida em uma entrevista à Fundação Nobel, Yaghi relatou: "Cresci em uma casa muito modesta, éramos dez em um pequeno cômodo que compartilhávamos com o gado que criávamos".
Seu lar não tinha eletricidade nem água encanada e sua mãe não sabia ler nem escrever. Aos 15 anos, partiu para os Estados Unidos, seguindo o conselho de seu exigente pai.
Ele conta que tinha apenas 10 anos quando descobriu a química, ao escolher por acaso um livro na biblioteca de sua escola. Ao abri-lo, interessou-se por algumas imagens incompreensíveis e ao mesmo tempo fascinantes: as estruturas moleculares.
"É uma jornada extraordinária e a ciência te permite alcançá-la (...). A ciência é a maior força niveladora do mundo" a serviço da igualdade de oportunidades, disse.
"Pessoas inteligentes, talentosas e competentes existem em todos os lugares. Devemos realmente focar em extrair seu potencial oferecendo-lhes oportunidades", insistiu o laureado.
"Comecei minha carreira independente na Universidade Estadual do Arizona e meu sonho era publicar pelo menos um artigo que fosse citado 100 vezes. Hoje, meus estudantes dizem que nosso grupo acumulou mais de 250.000 citações", celebrou.
Foi nessa universidade que ele começou seus estudos e seu grupo de pesquisas conseguiu extrair água do ar desértico do Arizona. Atualmente trabalha na Universidade da Califórnia, em Berkeley.
"A beleza da química reside no fato de que, se você aprende a controlar a matéria em nível atômico e molecular, o potencial é enorme, encontramos uma mina de ouro dessa forma, e o campo se desenvolveu", acrescentou Yaghi.
H.Meyer--BVZ