ONU anuncia fim da fome em Gaza, embora situação seja 'crítica'
A fome terminou em Gaza, embora a maior parte da população do território costeiro palestino ainda enfrente altos níveis de insegurança alimentar e a situação seja "crítica", afirmou a ONU nesta sexta-feira (19).
"Após o cessar-fogo [entre o movimento islamista Hamas e Israel], declarado em 10 de outubro de 2025, a análise mais recente do IPC aponta para uma melhora significativa na segurança alimentar e nutricional", afirmou a Classificação Integrada das Fases da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês), uma agência das Nações Unidas com sede em Roma.
No entanto, a maior parte da população da Faixa de Gaza continua "enfrentando altos níveis de insegurança alimentar", declarou o IPC.
A situação, enfatizou a agência, é "crítica", apesar de "um melhor acesso às entregas alimentares humanitárias e comerciais".
"Toda a Faixa de Gaza é considerada em estado de emergência (estágio 4 do IPC) até meados de abril de 2026. Nenhuma área está em situação de fome", o que corresponde ao estágio 5 do IPC, afirmou a agência da ONU.
Segundo suas projeções, que abrangem o período entre 1º de dezembro de 2020 e 15 de abril de 2026, "a situação continuará grave, com aproximadamente 1,6 milhão de pessoas enfrentando insegurança alimentar em nível de 'crise' ou pior", equivalente ao estágio 3 ou superior do IPC.
As agências da ONU afirmaram que, apesar do recuo da fome, a desnutrição, as doenças e a destruição agrícola seguem "alarmantemente elevadas".
"As necessidades humanitárias continuam sendo avassaladoras, e a ajuda atual cobre apenas as necessidades básicas para a sobrevivência", indicaram as agências de alimentação, agricultura, saúde e infância em uma declaração conjunta.
"Somente o acesso, os suprimentos e o financiamento em grande escala podem evitar o retorno da fome", acrescentaram.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que são necessários "mais pontos de passagem fronteiriços, o levantamento das restrições sobre produtos essenciais, a eliminação da burocracia, rotas seguras dentro de Gaza, financiamento sustentado e acesso sem entraves, inclusive para as ONGs".
C.Kramer--BVZ