

Israel e Hamas negociam no Egito o fim da guerra em Gaza
O Hamas e Israel realizarão negociações indiretas no Egito nesta segunda-feira (6) para encerrar quase dois anos de guerra em Gaza, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instou as delegações a agirem "rapidamente".
O movimento islamista Hamas e Israel responderam positivamente à proposta de Trump para o fim dos combates e a libertação dos reféns israelenses mantidos em Gaza em troca de palestinos presos em Israel.
As negociações indiretas na cidade turística de Sharm el-Sheikh visam finalizar os detalhes do plano às vésperas do segundo aniversário do início do conflito, que eclodiu após o ataque sem precedentes do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023.
Os principais pontos em aberto da proposta de Trump são o desarmamento do Hamas, seu afastamento do governo de Gaza e a retirada das forças israelenses deste território palestino.
Khalil Al-Hayya, negociador-chefe do Hamas e alvo de um ataque israelense em Doha no mês passado, se reunirá com mediadores do Egito e do Catar no Cairo nesta segunda-feira, disse um membro do alto escalão do grupo.
As negociações em Sharm el-Sheikh têm o objetivo de "determinar a data de uma trégua temporária", disse Al-Hayya, e criar as condições para a primeira fase do plano, na qual 47 reféns mantidos em Gaza serão libertados em troca de centenas de prisioneiros palestinos.
Mirjana Spoljaric, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que coordenou trocas anteriores, disse nesta segunda-feira que suas equipes estão preparadas "para ajudar a reunir reféns e prisioneiros com suas famílias".
- "Ajam rápido" -
Trump comemorou no domingo as negociações "positivas" com o Hamas e aliados ao redor do mundo, incluindo países árabes e muçulmanos. "Disseram-me que a primeira fase deve ser concluída esta semana e peço a todos que ajam rápido", escreveu em sua plataforma Truth Social.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, elogiou o plano de Trump nesta segunda-feira, dizendo que é "o caminho certo para uma paz e estabilidade duradouras".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que sua delegação partirá para o Egito nesta segunda-feira e expressou esperança de que os reféns possam ser libertados "nos próximos dias".
A Casa Branca informou que Trump mandou seu genro Jared Kushner e seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, ao Egito.
- Explosões em Gaza -
Trump e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, instaram Israel a interromper o bombardeio do território. "Reféns não podem ser libertados em meio a ataques", disse Rubio.
No entanto, imagens da AFP mostraram explosões em Gaza nesta segunda-feira, com colunas de fumaça no horizonte.
Uma fonte palestina próxima ao Hamas indicou que o movimento só interromperá suas operações militares quando Israel cessar o bombardeio a Gaza e retirar suas tropas da Cidade de Gaza.
"Houve uma clara redução no número de bombardeios aéreos. Tanques e veículos militares recuaram um pouco, mas acho que se trata de uma manobra tática e não de uma retirada", disse à AFP no domingo Muin Abu Rajab, de 40 anos, morador de Gaza.
Pelo menos 20 pessoas morreram no domingo, 13 delas na Cidade de Gaza, segundo a Defesa Civil, um serviço de socorro que opera sob a autoridade do Hamas.
O chefe do Estado-Maior do Exército israelense, Eyal Zamir, alertou no domingo durante uma visita às suas tropas em Gaza que, se as negociações fracassarem, eles "retomarão" os combates.
Durante o ataque sem precedentes de 7 de outubro de 2023, milicianos islamistas sequestraram 251 pessoas, das quais 47 permanecem reféns em Gaza. Entre elas, 25 estariam mortas, segundo o Exército israelense.
De acordo com o plano de Trump, em troca dos reféns, Israel deve libertar 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e mais de 1.700 detidos da Faixa de Gaza capturados durante a guerra.
- Nenhum papel para o Hamas -
O Hamas insiste em participar da futura gestão do território, embora o plano de Trump determine que o grupo e outras facções "não terão nenhum papel na governança de Gaza".
Segundo sua proposta, a administração do território palestino caberia a um órgão liderado por tecnocratas e supervisionado por uma autoridade de transição chefiada pelo próprio Trump.
O ataque de 7 de outubro matou 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
A ofensiva de retaliação israelense matou ao menos 67.160 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
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E.Ludwig--BVZ