

Hamas quer troca 'imediata' de prisioneiros antes de negociar com Israel no Egito
O Hamas declarou neste domingo(5) que quer alcançar um acordo e começar uma troca de prisioneiros "imediatamente, antes da negociação no Egito entre o movimento islamista e Israel sobre o plano de Donald Trump para terminar a guerra em Gaza.
Os ministros das Relações Exteriores de vários países, incluindo o Egito, um mediador fundamental, afirmaram que esse diálogo indireto é uma oportunidade real para alcançar um cessar-fogo, após quase dois anos de conflito.
Este avanço da diplomacia ocorre depois que o Hamas anunciou sua disposição para liberar os reféns mantidos no território palestino, como parte da proposta de trégua do presidente dos Estados Unidos.
"O Hamas está muito interessado em chegar a um acordo para pôr fim à guerra e iniciar imediatamente o processo de troca de prisioneiros", declarou um membro do alto escalão do movimento islamista que governa Gaza desde 2007.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no sábado que instruiu seus negociadores a concluírem os "detalhes técnicos" do pacto.
O Egito confirmou que receberá uma delegação do Hamas para as negociações. Meios de comunicação egípcios ligados ao Estado relataram anteriormente que as partes em conflito realizarão conversas indiretas neste domingo e na segunda-feira.
Esse ciclo de diálogo começa justamente antes do segundo aniversário do início do conflito em Gaza, desencadeado pelo ataque do Hamas em 7 de outubro em Israel.
Trump mandou ao Egito seu genro, Jared Kushner, e seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff. O presidente americano advertiu no sábado ao Hamas que não "tolera qualquer atraso" na aplicação de seu plano.
Netanyahu declarou que espera que os reféns israelenses sejam libertados para a festa judaica de Sucot, que começa na segunda-feira e dura sete dias.
"Espero que nos próximos dias possamos trazer de volta todos os nossos reféns (…) durante a festividade de Sucot", afirmou em uma declaração transmitida pela televisão.
Na sexta-feira, o movimento islamista palestino declarou que está disposto a iniciar negociações imediatas para a libertação dos reféns e o fim da guerra em Gaza.
Em resposta, Trump pediu a Israel que "pare imediatamente os bombardeios em Gaza" para que os reféns possam ser libertados de forma segura e rápida.
Na noite de sábado, manifestações em Tel Aviv e Jerusalém pediram o fim do conflito e instaram Trump a garantir que o acordo seja cumprido.
O líder republicano afirmou em sua plataforma Truth Social no sábado que Israel aceitou uma linha inicial de retirada em Gaza e que essa informação foi compartilhada com o Hamas.
"Quando o Hamas confirmar, o cessar-fogo entrará em vigor IMEDIATAMENTE, começará a troca de reféns e prisioneiros, e criaremos as condições para a próxima fase da retirada", declarou Trump junto com um mapa do plano.
- Bombardeios continuam -
Apesar do chamado de Trump, as bombas continuaram atingindo Gaza, e o porta-voz da Defesa Civil local, Mahmoud Basal, informou que 57 pessoas morreram nos bombardeios israelenses de sábado, 40 delas na Cidade de Gaza.
Mahmoud Al Ghazi, um habitante de 39 anos, afirmou que parece mais que "Israel intensificou seus ataques" desde o chamado de Trump. "Agora quem vai deter Israel? Precisamos que as negociações avancem mais rápido para deter este genocídio", acrescentou.
O Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que a ofensiva militar para tomar a Cidade de Gaza já deslocou cerca de 900.000 palestinos.
Em sua resposta ao plano de Trump, o Hamas insistiu que deve manter uma voz no que for decidido sobre o futuro de Gaza.
Mas a proposta americana indica que o Hamas e outras facções "não têm nenhum papel na administração de Gaza", enquanto pede o fim das hostilidades, a libertação dos reféns, a retirada gradual de Israel de Gaza e o desarmamento do Hamas.
A administração do território ficaria a cargo de um organismo técnico de transição liderado por Trump.
O ataque de 7 de outubro provocou a morte de 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um balanço elaborado pela AFP com base em dados oficiais.
Durante este ataque sem precedentes, os militantes islamistas sequestraram 251 pessoas, 47 permanecem cativas em Gaza, e o exército israelense declarou que 25 estão mortas.
A ofensiva de represália israelense já causou pelo menos 67.139 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas e considerados confiáveis pela ONU.
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J.Schmidt--BVZ