

Rússia diz que negociações de paz com a Ucrânia estão 'pausadas'
A Rússia declarou, nesta sexta-feira (12), que as negociações de paz com a Ucrânia estão "pausadas", um impasse que levou o presidente americano, Donald Trump, a declarar que sua paciência com seu homólogo russo, Vladimir Putin, está "se esgotando rapidamente".
Os esforços de Trump para encerrar o conflito, iniciado em fevereiro de 2022, fracassaram nas últimas semanas. A Rússia permaneceu firme em suas demandas e não cessou seus ataques terrestres e aéreos.
As declarações recentes coincidem com o início de exercícios militares conjuntos entre a Rússia e sua principal aliada, Belarus, sob o olhar atento da Otan, depois que a Polônia acusou Moscou de violar seu espaço aéreo com drones.
As três rodadas de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, assim como a recente cúpula entre Trump e Putin no Alasca, não alcançaram nenhum avanço no sentido de encerrar os combates.
As forças russas avançam fortemente nas linhas de frente e Putin prometeu continuar lutando se suas demandas de paz, que incluem mais concessões territoriais da Ucrânia, não forem atendidas.
"Nossos negociadores têm a oportunidade de se comunicar por meio de canais, mas, por enquanto, podemos falar mais sobre uma pausa" nas negociações com Kiev, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Não se pode ver tudo cor de rosa e esperar que o processo de negociação produza resultados imediatos", acrescentou.
Trump ameaçou Moscou diversas vezes com sanções adicionais caso o país não interrompa sua ofensiva, mas ainda não cumpriu sua ameaça.
"Está se esgotando rapidamente, mas é preciso dois para dançar tango", disse Trump à Fox News quando questionado se sua paciência estava sendo testada pela recusa da Rússia em encerrar o conflito.
"É impressionante. Quando Putin quis, (o presidente ucraniano Volodimir) Zelensky não quis. Quando Zelensky quis, Putin não quis. Agora Zelensky quer e Putin é uma incógnita. Teremos que intervir com muita, muita força", acrescentou.
A Ucrânia descartou fazer concessões territoriais em troca de um acordo e pede uma cúpula entre Putin e Zelensky para romper o impasse, encontro que o líder russo descartou por enquanto.
Em uma conferência em Kiev, Zelensky afirmou que Putin ainda busca "ocupar toda a Ucrânia" e que não interromperá sua máquina de guerra "a menos que seja forçado a mudar seus objetivos".
- "Exercícios planejados" -
Esta semana, a Polônia relatou que 19 drones russos entraram em seu espaço aéreo na madrugada de quarta-feira, o que levou à mobilização das defesas antiaéreas da Otan.
Varsóvia considerou a ação uma incursão deliberada, o que Moscou rejeita, afirmando que não foram apresentadas evidências de que os drones eram russos.
Vários Estados da União Europeia, assim como Bruxelas, convocaram os embaixadores russos em seus países, entre eles França, Alemanha, Suécia, Países Baixos e Espanha.
Enquanto isso, os exercícios militares russos e bielorrussos, conhecidos como "Zapad", que ocorrem a cada quatro anos, também mantêm a Polônia e os países bálticos em alerta.
O Ministério da Defesa russo divulgou um vídeo nesta sexta-feira mostrando veículos blindados, helicópteros e navios em ação.
Os exercícios desta sexta-feira são "exercícios planejados, não são direcionados contra ninguém", disse o porta-voz russo Dmitri Peskov.
Zelensky questionou as intenções de Moscou e afirmou que as manobras não eram "defensivas" e "não visam apenas a Ucrânia".
A Polônia afirmou que cerca de 40.000 soldados ficariam mobilizados perto da fronteira com Belarus até o fim dos exercícios, enquanto Lituânia e Letônia anunciaram fechamentos parciais do espaço aéreo.
- "Nenhuma ameaça imediata" -
A organização desses exercícios militares gera preocupações no flanco leste da Otan, embora a Aliança tenha insistido nesta sexta-feira que não vê "nenhuma ameaça militar imediata".
Os exercícios ocorrem perto de Borisov, a leste de Minsk, capital de Belarus, informaram as autoridades bielorrussas. O Exército russo detalhou que algumas "ações práticas" ocorrerão na Rússia, no mar de Barents e no mar Báltico.
As últimas manobras, realizadas em 2021, mobilizaram cerca de 200.000 soldados russos poucos meses antes do início da ofensiva na ex-república soviética.
Espera-se que os exercícios deste ano sejam muito menores, já que centenas de milhares de soldados russos estão mobilizados na Ucrânia.
Belarus declarou em janeiro que 13.000 soldados participariam dos exercícios, mas em maio indicou que esse número seria reduzido pela metade.
H.Seidel--BVZ