

Sul-coreanos detidos em operação migratória nos EUA viajam de volta para casa
Centenas de sul-coreanos detidos na semana passada em uma grande operação migratória em uma fábrica de baterias da Hyundai-LG nos Estados Unidos partiram para seu país em um avião, nesta quinta-feira (11), depois que o governo da Coreia do Sul advertiu que o incidente pode repercutir nos investimentos.
Os sul-coreanos representam a maioria das 475 pessoas detidas na semana passada na fábrica de baterias Hyundai-LG, que está em construção no estado da Geórgia, sul dos Estados Unidos, segundo as autoridades migratórias.
Um Boeing 747-8I, da Korean Air, enviado na quarta-feira da Coreia do Sul para repatriá-los decolou, nesta quinta-feira, de Atlanta, capital da Geórgia, constatou um correspondente da AFP.
A detenção em massa gerou tensões entre Estados Unidos e Coreia do Sul, um aliado importante de Washington na área de segurança na região do Pacífico, e que também é um importante fabricante de automóveis e produtos eletrônicos, com várias fábricas em território americano.
As autoridades sul-coreanas confirmaram que "o processo de liberação está em curso". Fotografias publicadas pela agência de notícias Yonhap mostram os trabalhadores, detidos durante vários dias, reunidos ao lado de vários ônibus, alguns deles sorridentes.
O presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, afirmou, nesta quinta-feira, que o incidente pode ter um "impacto significativo nas decisões futuras de investimento, em particular no momento de avaliar a viabilidade de operações diretas nos Estados Unidos".
A operação - durante a qual os trabalhadores sul-coreanos foram algemados e acorrentados - é "perturbadora", disse o presidente em uma entrevista coletiva em Seul.
Nos últimos meses, a Coreia do Sul se comprometeu a investir 350 bilhões de dólares (1,89 trilhão de reais) nos Estados Unidos, após as ameaças tarifárias de Trump.
Lee acrescentou que, após a operação, as empresas sul-coreanas "não podem evitar questionar se vale a pena estabelecer uma fábrica nos Estados Unidos, considerando os riscos potenciais".
Muitas empresas da Coreia do Sul levam sua própria força de trabalho durante os períodos de desenvolvimento de um projeto. Fontes do setor explicaram à AFP que é uma prática comum utilizar soluções alternativas em termos de vistos para transferir mão de obra qualificada e evitar atrasos.
- "Em estado de choque" -
O governo dos Estados Unidos afirmou que esta foi a maior operação em um único local efetuada no âmbito da campanha contra a imigração irregular empreendida pelo presidente Donald Trump.
O republicano desistiu de expulsar os detidos, mas Seul decidiu repatriá-los porque se encontravam "em estado de choque", informou nesta quinta-feira o Ministério das Relações Exteriores sul-coreano.
"O presidente Trump perguntou se os trabalhadores sul-coreanos detidos, todos eles profissionais qualificados, deveriam permanecer nos Estados Unidos para continuar trabalhando e treinando os funcionários americanos, ou se deveriam retornar ao seu país", destacou a chancelaria em um comunicado.
Seul respondeu que, levando em consideração o "estado de choque e exaustão", seria "preferível que retornassem primeiro para casa e depois voltassem aos Estados Unidos para trabalhar".
"O lado americano aceitou esta posição", acrescentou a nota.
O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Cho Hyun, se reuniu na quarta-feira em Washington com o secretário de Estado, Marco Rubio, que o recebeu a portas fechadas e divulgou um comunicado no qual elogia a resiliência da aliança entre os dois países.
Rubio disse que os Estados Unidos "recebem com satisfação os investimentos da República da Coreia nos Estados Unidos e expressam interesse em aprofundar a cooperação", segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Tommy Pigott.
Cho qualificou a detenção em massa de sul-coreanos como uma "situação grave".
F.Richter--BVZ