Berliner Volks-Zeitung - Julgamento de Pelicot se torna peça teatral em Viena como 'homenagem a um ícone' feminista

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Julgamento de Pelicot se torna peça teatral em Viena como 'homenagem a um ícone' feminista
Julgamento de Pelicot se torna peça teatral em Viena como 'homenagem a um ícone' feminista / foto: Christophe SIMON - AFP

Julgamento de Pelicot se torna peça teatral em Viena como 'homenagem a um ícone' feminista

Cerca de 30 atores lerão nesta quarta-feira (18) em Viena, a capital austríaca, trechos do julgamento pelo estupro, na França, de Gisèle Pelicot, em uma obra que terá duração de até sete horas e será apresentada no festival de teatro de Avignon.

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O suíço Milo Rau, que dirige a obra, explicou que é "como uma extensão do ato de Gisèle Pelicot" que, "em um momento decisivo", recusou que o julgamento fosse realizado a portas fechadas, renunciando assim ao seu direito ao anonimato para que a vergonha mudasse de lado.

Gisèle Pelicot, de 72 anos, foi mundialmente aclamada no ano passado por sua coragem durante o processo contra seu ex-marido, Dominique Pelicot, da mesma idade, que a drogou durante uma década para estuprá-la junto a desconhecidos.

Seu ex-marido e outros 50 homens foram condenados em dezembro a até 20 anos de prisão. O julgamento transformou Gisèle em um símbolo feminista e algumas de suas declarações deram a volta ao mundo.

A apresentação, uma "homenagem a um ícone" segundo Rau, começará em Viena às 21h (16h em Brasília) e durará de seis a sete horas em uma igreja da cidade, onde o público poderá entrar e sair livremente.

Rau, de 48 anos, acompanhou de perto os debates que surgiram em torno do julgamento realizado em Avignon, no sudeste da França, entre setembro e dezembro de 2024. Depois, mergulhou nos documentos do caso para "tornar público o julgamento", como buscou fazer a própria Gisèle.

Para isso, fez um trabalho minucioso de "reconstrução" com a ajuda dos advogados da família para reunir diferentes "fragmentos" da história por meio de artigos da imprensa, cadernos de jornalistas, entrevistas de especialistas, livros, alegações e depoimentos de feministas.

A obra será levada depois ao festival de Avignon, em uma versão abreviada, no dia 18 de julho, que contará com a participação de figuras do julgamento, como um psiquiatra e um ilustrador da sala.

V.Schulte--BVZ